Os pés para os escombros

Salvador, Bahia, 2017.

(Para Cida Moreira)

Um prédio vazio
Traços de janelas
há muito perdidas
imperam os restos
de outras cidades


E os olhos?
E os passos,
mudos sobre tábuas
de vida esquecida?

Há de haver música
e poesia suficientes


Sobre o que se escorre
e quer dormir?

Há de haver
noite inflamada num amor
cheio de voz


Tão pleno de contrários
tão perene,

a brilhar

dentro da sombra do dia.

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