Outros outonos

Cemitério do Araçá – Maio 2020

tempo de fazer-se luz a penetrar paredes
irromper da pedra do silêncio perdido
contra rostos sem vida
em uma vida além tempo aqui agora

tempo de mirar os tijolos da incerteza
sorrir

abrir o peito para histórias nunca dantes adentradas
olhar fotografias antigas, rastros

tempo de ser perene
em meio à morte
de si
no outro

tempo de ser sua própria margem
sem nem dizer algo
ajoelhar-se no escuro
e assim permanecer vivo

inventando mundos
de céus
inesperados
abraços
pausas.

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